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Mostrando postagens de outubro, 2008

Trecho de Lusístrata (Aristófanes)

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(...) Se um homem se colocar, sem truques de encenação, no papel de uma mulher e se uma mulher se colocar no papel de um homem, será mais fácil distinguir as diferenças naturais e inultrapassáveis, mas será também inevitável descobrir-se que ambos são pessoas e, neste conceito, iguais. (...) Nada é só preto ou branco. Há sempre algo de novo no velho e algo de velho no novo, algo de masculino no feminino e algo de feminino no masculino... E há em tudo isto muita incerteza... A única certeza, em todos os domínios, é que é tudo, felizmente, incerto, e nada é definitivo ou acabado (...).

Cântico IV

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Tu tens um medo: Acabar. Não vês que acabas todo dia. Que morres no amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que te renovas todo dia. No amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que és sempre outro. Que és sempre o mesmo. Que morrerás por idades imensas. Até não teres medo de morrer. E então serás eterno. (Cecília Meireles)

Maior tortura

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Na vida, para mim, não há deleite. Ando a chorar convulsa noite, E não tenho nem sombra em que me acoite, E não tenho uma pedra em que me deite! Ah! Toda eu sou sombras, sou espaços! Perco-me em mim na dor de ter vivido! E não tenho a doçura duns abraços Que me façam sorrir de ter nascido! Sou como tu um cardo desprezado A urze que se pisa sob os pés, Sou como tu um riso desgraçado! Mas a minha Tortura inda é maior: Não ser poeta assim como tu és Para concretizar a minha Dor! (Florbela Espanca)